28.7.11

Renata Correia Botelho (A seta)






A SETA




o tempo, espelho tosco com que
fintamos a morte, apontado para nós
como a lança do arqueiro;


hesita, por um instante apenas,
para depois avançar, implacável
e sem retorno, na nossa direcção.


mas a feroz verdade da seta
(a um brevíssimo suspiro do embate)
é aplacada pela memória,


um libertador bater de asas
que nos recolhe das águas
quando a tempestade nos arrasta.


Renata Correia Botelho


[Hospedaria Camões]

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