Mostrar mensagens com a etiqueta Marilyn Contardi. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Marilyn Contardi. Mostrar todas as mensagens

6.6.25

Marilyn Contardi (Antecipação)




ANTECIPAÇÃO 

 

 

Quem olhará estes céus cor de rosa

quando eu já os não vir?

 

Quem assomará à janela

a cheirar os jasmins em flor?

 

Passam invernos e primaveras,

um dia entre outros há-de trazer a morte.

 

Quando chegar o momento,

quem me fitará com olhos bondosos

 

e me dará a mão enquanto eu me afasto?

 

Marilyn Contardi

 

(Trad. A.M.)

 

 .

23.12.24

Marilyn Contardi (Lendo poemas)

 



LEYENDO POEMAS

 

Me he sentado a leer los poemas
el mate recién preparado en la mano. 

De golpe el viento abre la ventana
y me distrae. Me levanto a cerrarla. 

Insistiendo, la gata me llevó recién
a abrirle la puerta. La corriente
de aire arremolina mis pensamientos
y las hojas del libro,
todo está de nuevo mezclado y confuso. 

Una pareja de mariposas blancas
vuela sobre la hiedra. 

No dejo de mirarlas, no sea que
del vaivén de sus alas surja
de nuevo el hilo de mis pensamientos
dispersos.
 

Marilyn Contardi 

[Emma Gunst]  

 

Sentei-me a ler os poemas,
o mate na mão ainda fresco. 

De repente o vento abre a janela
e distrai-me, e eu levanto-me a fechá-la. 

A gata, insistindo, obriga-me entretanto
a abrir-lhe a porta. A corrente
de ar arremoinha-me os pensamentos
e as folhas do livro,
ficando tudo novamente misturado e confuso. 

Um par de borboletas brancas
voa por cima da hera. 

Não deixo de olhar para elas,
não vá surgir do vaivém das suas asas,
novamente, o fio dos meus pensamentos 
dispersos.
 

(Trad. A.M.)

 .

28.9.18

Marilyn Contardi (Outono nas folhas)






OTOÑO EN LAS HOJAS



Miro las hojas
de la morera
a través
de la ventana

el otoño
ha descansado
en ellas
sin estrujarlas,

fueron sólo
caricias
de color.

Ni saben
que las miro
ni que entran
por los ojos
bellas
gráciles

que animan
todo el ser
hasta hacerle
sentir que es
una rama
llena de hojas,
doradas
entibiándose
al sol.


Marilyn Contardi
 



  



Olho as folhas
da amoreira
através da janela

o outono
pousou nelas
sem as amarrotar

nada mais
do que carícias
de cor.

Não sabem
que as observo
nem que me entram
pelos olhos
belas e
cheias de graça

que animam
qualquer ser
até lhe fazer
sentir que é
um ramo
cheio de folhas,
douradas,
aquecendo-se
ao sol.

(Trad. A.M.)


.

3.1.11

Marilyn Contardi (Lembrança do pai)




RECUERDO DEL PADRE



Paso la mano por el borde de la mesa,
bajo el tacto se filtra la sensación:
siguiendo las tres aristas
viene la curva conocida.
Hay un infinitesimal cambio de luz,
reverberan los lápices,
en seguida mi mano adulta
reacciona y comprende.
No son aquellos estos bordes,
reconozco de nuevo
la lisa tabla de esta mesa.
La mano insistente
vuelve a deslizarse,
los bordes curvos reaparecen.
Allí cerca está mi mano
con el cigarrillo encendido,
en su deslizarse la mano
infantil va a tocarla:
«Cuidado, que vas a quemarte»
ha dicho. Me sobresalta.
Mi mano, de nuevo
adulta se contrae.
El reverbero se eclipsa
y las aristas curvas
y su mano, desaparecen.

Marilyn Contardi

[Marcelo Leites]




Passo a mão pela borda da mesa,
a sensação filtrando-se por baixo do tacto:
a seguir às três arestas
vem a curva conhecida.
Há uma mudança de luz infinitesimal,
reverberam os lápis
e a seguir a minha mão adulta
reage e compreende.
Não são as outras estas bordas,
de novo reconheço
o tampo liso desta mesa.
A mão insistente
volta a deslizar
e as bordas curvas reaparecem.
Ali perto está minha mão
com o cigarro aceso,
no seu deslizar a mão
infantil vai embarrar-lhe:
“Cuidado, que te queimas”
disse. E sobressalta-me.
Minha mão contrai-se,
adulta de novo.
O revérbero eclipsa-se
e as arestas curvas
desaparecem e a sua mão.

(Trad. A.M.)

>>  Osvaldo Aguirre (7p) / Wikipedia

.