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21.6.25

Mario Montalbetti (Desculpe, a tabacaria?)




DISCULPE, ¿ES AQUÍ LA TABAQUERÍA?

 


Nadie dice todo. Nadie dice nada.
Lo deseable es decir poquísimo.
Callar no es más radical.
Callar es como raparse la cabeza:
el pelo vuelve a crecer.
Pero decir poquísimo, decir lo mínimo
que uno puede decir,
eso es lo que nos permite decir algo.
 

Mario Montalbetti 

  

Ninguém diz tudo. Ninguém diz nada.
O melhor é dizer pouquíssimo.
Calar não é mais radical.
Calar é como rapar a cabeça,
o cabelo volta a crescer.
Mas dizer pouquíssimo, dizer 
o mínimo que se pode dizer,
isso é que nos permite dizer algo.
 

(Trad. A.M.)

 .

19.12.23

Mario Montalbetti (Reis romanos)

 



REYES ROMANOS 

 

Numa Pompilio no distinguió ser rey y ser
     sacerdote a la vez. Murió asesinado.
Tulio Hostilio, el belicoso, emprendió una guerra
     contra el alba. Murió asesinado.
Anco Marcio fue igual a Numa Pompilio
Tarquino el Antiguo construyó un circo y 
     una gran cloaca. Murió asesinado.
Servio Tulio pasó a la historia sin mover un
     dedo. Murió asesinado.
Numo d'Orange abdicó antes de ser asesinado.
     Murió asesinado.
 

Mario Montalbetti  

[Otra iglesia]
 

 

Numa Pompilio não distinguiu ser rei
   e sacerdote ao mesmo tempo. Morreu assassinado.
Tuloi Hostilio, o belicoso, lançou uma guerra 
   contra a aurora. Morreu assassinado.
Anco Marcio foi como Numa Pompilio.
Tarquino o antigo construiu um circo e
   uma grande cloaca. Morreu assassinado.
Servio Tulio passou à história sem mexer um
   dedo. Morreu assassinado.
Numo de Orange abdicou antes de ser assassinado.
   Morreu assassinado.
 

(Trad. A.M.)

 .  


11.7.23

Mario Montalbetti (Objecto e fim do poema)




OBJETO Y FIN DEL POEMA

 

Es de noche y tiene que aterrizar
antes de que se acabe el combustible.
Así terminan todos sus poemas,
tratando de expresar con un lenguaje
público un sentimiento privado.

Su ambición es el lenguaje del piloto
hablándole a los pasajeros
en medio de una situación desesperada:
parte engaño, parte esperanza, parte verdad.

Todos los poemas terminan igual.
Hechos pedazos contra un cerro obscuro
que no estaba en las cartas.

Luego hayan los restos: el fuselaje,
la cola como siempre, intacta,
el olor a cosa quemada consumida por el fuego.

Pero ninguna palabra sobrevive.

Mario Montalbetti 

 

É noite e tem de aterrar
antes de acabar o combustível.
Assim lhe terminam rodos os poemas,
tratando de expressar com uma linguagem
pública um sentimento privado.

A sua ambição é a linguagem do piloto
a falar aos passageiros
a meio de uma situação desesperada:
parte engano, parte esperança, parte verdade.

Todos os poemas terminam igual,
feitos em pedaços contra um cerro escuro
que não estava nas cartas.

Depois sobram os restos, a fuselagem,
a cauda como sempre, intacta,
o cheiro a queimado de coisa ardida.

Mas nenhuma palavra sobrevive.


(Trad. A.M.)

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10.5.22

Mario Montalbetti (Poema em homenagem)




POEMA EN HOMENAJE AL V CONGRESO NACIONAL DE FILOSOFÍA DEL LENGUAJE, HUAMPANÍ 26-28 DE JUNIO DE 2010
 


¿cuál es la diferencia entre una vaca y el lenguaje?

una vaca
¿qué es una vaca?

una vaca pace al lado del camino

el camino da un rodeo
y lleva hasta el granero

la vaca cruza el camino
sin rodeos

el lenguaje no puede hacer eso

 

Mario Montalbetti 

  

qual é a diferença entre uma vaca e a linguagem? 

uma vaca
o que é uma vaca? 

uma vaca pasta ao lado do caminho 

o caminho dá uma volta 
e leva até ao celeiro 

a vaca atravessa o caminho
sem rodeios 

a linguagem não pode fazer o mesmo

 
(Trad. A.M.)

 .

26.4.22

Mario Montalbetti (Meu/poema de amor)




MI (POEMA DE AMOR) 

 

Vendí todas mis alcachofas
por un boleto al lugar en que vives.
Ningún percance.
El tren salió en horario
sol y vacas gordas todo el camino.
Pero tu pueblo no apareció nunca.
 

Mario Montalbetti  

 

Vendi as minhas alcachofras
para comprar um bilhete
para o lugar onde vives.
Nenhum problema.
O comboio saiu à tabela,
sol e vacas gordas a viagem toda.
Mas o teu lugar é que nunca apareceu. 

(Trad. A.M.)

 

>>  
Otra iglesia (muitos p) / La vaca multicolor (11p) / Circulo de poesia (7p) / Zenda (5p) / Cara de perro (entrevista)

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