.
.
CLARO QUE MORIRÉ
claro que moriré y me llevarán
en huesos o cenizas
y que dirán palabras y cenizas
y yo habré muerto totalmente
claro que esto se acabará
mis manos alimentadas por tus manos
se pensarán de nuevo
en la humedad de la tierra
yo no quiero cajón
ni ropa
que el barro asuma mi cabeza
que sus orines me devoren
ahora
desnudo de ti
Juan Gelmanclaro que morrerei e hão-de levar-me
em ossos ou cinzas
e dirão palavras e cinzas
e eu hei-de morrer totalmente
claro que isto acabará
minhas mãos pelas tuas alimentadas
hão-de pensar-se de novo
na humidade da terra
eu cá não quero caixão
nem roupa
que o barro aceite minha cabeça
e que os bichos me devorem
agora
despido de ti
(Trad. A.M.)
.
.