Mostrar mensagens com a etiqueta Antonio Gala. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Antonio Gala. Mostrar todas as mensagens

17.7.23

Antonio Gala (Inimigo íntimo)




ENEMIGO ÍNTIMO

 

Hay tardes en que todo
huele a enebro quemado
y a tierra prometida.
Tardes en que está cerca el mar y se oye
la voz que dice: “Ven”.
ero algo nos retiene todavía
junto a los otros: el amor, el verbo
transitivo, con su pequeña garrad
de lobezno o su esperanza apenas.
No ha llegado el momento. La partida
no puede improvisarse, porque sólo
al final de una savia prolongada,
de una pausada sangre,
brota la espiga desde
la simiente enterrada. 

En esas largas
tardes en que se toca casi el mar
y su música, un poco
más y nos bastaría
cerrar los ojos para morir. Viene
de abajo la llamada, del lugar
donde se desmorona la apariencia
del fruto y sólo queda su dulzor.
Pero hemos de aguardar
un tiempo aún: más labios, más caricias,
el amor otra vez, la misma, porque
la vida y el amor transcurren juntos
o son quizá una sola
enfermedad mortal. 

Hay tardes de domingo en que se sabe
que algo está consumándose entre el cálido
alborozo del mundo,
y en las que recostar sobre la hierba
la cabeza no es más que un tibio ensayo
de la muerte. Y está
bien todo entonces, y se ordena todo,
y una firme alegría nos inunda
de abril seguro. Vuelven
las estrellas el rostro hacia nosotros
para la despedida.
Dispone un hueco exacto
la tierra. Se percibe
el pulso azul del mar. “Esto era aquello”.
Con esmero el olvido ha principiado
su menuda tarea... 

Y de repente
busca una boca nuestra boca, y unas
manos oprimen nuestras manos y hay
una amorosa voz
que nos dice: “Despierta.
Estoy yo aquí. Levántate”. Y vivimos.
 

Antonio Gala

[Poetas andaluces] 

 

Há tardes em que tudo
cheira a Janeiro queimado
e a terra prometida.
Tardes em que o mar está perto e uma voz
se ouve, a dizer: Vem.
Mas algo nos retém ainda
junto aos outros: o amor, o verbo
transitivo, com sua garra de lobato
ou sua esperança apenas.
Não é chegado o momento. A partida
não pode improvisar-se, porque só
no fim de uma seiva prolongada,
de um pausado sangue, a espiga
brota da semente enterrada.

Nessas longas tardes
em que se toca quase o mar
e a sua música, um pouco mais
e bastaria fechar os olhos para morrer.
Vem de baixo a chamada, do lugar
onde se desmorona a aparência
do fruto e fica só o seu doce.
Mas temos de aguardar
um tempo ainda, mais lábios, mais carícias,
o amor outra vez, a mesma, porque
vida e amor transcorrem juntos
ou são talvez
uma só doença mortal.

Há tardes de domingo em que se sabe
estar-se algo consumando no cálido
alvoroço do mundo,
em que recostar a cabeça na erva
não é mais do que um tíbio ensaio da morte. E está
bem tudo então, tudo em ordem
e uma alegria nos inunda
de Abril seguro. Voltam as estrelas
o rosto para nós, a despedir-se.
Oferece um lugar exacto,
a terra. Sente-se
o pulso azul do mar. ‘Isto era aquilo’.
Esmerado, o olvido começou
sua mesquinha tarefa…

E de repente
busca uma boca nossa boca, e umas
mãos estreitam nossas mãos e há
uma amorosa voz
a dizer-nos: ‘Desperta,
estou aqui, eu. Levanta-te’.
E lá vamos, nós.


(Trad. A.M.)

.

1.7.23

Antonio Gala (Passa-me hoje o amor)




Hoy me pasa el amor de parte a parte.
Temo encontrarte y no reconocerte.
Temo extender la mano y no tocarte.
Temo girar los ojos y no verte.
Temo gritar tu nombre y no nombrarte...
Temo estar caminando por la muerte.

Antonio Gala



Passa-me hoje o amor de parte a parte, 
temo encontrar-te e não te reconhecer,
estender a mão e não te tocar,
voltar os olhos e não te ver,
gritar teu nome e não te nomear.
Temo estar caminhando pela morte.

(Trad. A.M.)

 .

2.5.15

Antonio Gala (A pé vão meus suspiros)





A pié van mis suspiros
camino de mi bien.

Antes de que ellos lleguen
yo llegaré.

Mi corazón con alas
mis suspiros a pié.

Abierta ten la puerta
y abierta el alma ten.

Antes de que ellos lleguen
yo llegaré.

Mi corazón con alas
mis suspiros a pié.


Antonio Gala



A pé vão meus suspiros
a caminho do meu bem.

Antes de eles chegarem
hei-de lá chegar eu.

Meu coração com asas
e meus suspiros a pé.

Aberta está a porta
e aberta a alma também.

Antes de eles chegarem
hei-de lá chegar eu.

Meu coração com asas
e meus suspiros a pé.


(Trad. A.M.)

.

11.4.15

Antonio Gala (E eras tu a lua)





Y la luna eras tú.
Una luna creciente, blanca, fría.
Mirabas hacia el mar y hacia las cosas
que no eran yo.
Y con cuánto silencio te gritaba
-creciente, blanco, frío yo también:
«Mírame, mírame,
ay, mírame mirarte...»


Antonio Gala



E eras tu a lua,
uma lua crescente, branca, fria.
Olhavas para o mar e para as coisas
que não eram eu.
E com o silêncio eu te gritava
- também eu crescente, branco, frio:
“Olha pra mim, olha pra mim,
ai, olha eu a olhar para ti...”


(Trad. A.M.)

.

28.3.15

Antonio Gala (És ainda meu)






Aún eres mío, porque no te tuve.
Cuánto tardan, sin ti,
las olas en pasar...

Cuando el amor comienza, hay un momento
en que Dios se sorprende
de haber urdido algo tan hermoso.
Entonces, se inaugura
-entre el fulgor y el júbilo-
el mundo nuevamente,
y pedir lo imposible
no es pedir demasiado.

Fue a la vera del mar, a medianoche.
Supe que estaba Dios,
y que la arena y tú
y el mar y yo y la luna
éramos Dios. Y lo adoré.


Antonio Gala



És ainda meu, pois não te tive.
E como tardam, sem ti,
as ondas a passar...

Quando amor começa, há um instante
em que Deus se espanta
de urdir algo tão belo.
Então, entre o fulgor e o júbilo,
cria-se o mundo de novo,
e pedir o impossível
não é pedir demasiado.

Foi à beira do mar, à meia-noite.
Estava Deus lá,
e a areia e tu
e o mar e eu e a lua
éramos Deus. E adorei.


(Trad. A.M.)



>>  Antonio Gala (sítio of.) / Poetas andaluces (44p) / A media voz (41p) / Fundacion A.G. / Wikipedia

.