29.11.22

Egito Gonçalves (Um dia não estarei)




Um dia não estarei. Custa 
escrever isto. A cidade ter-me-á
perdido, as coisas que chamei minhas 
estarão dispersas,
algumas viverão ainda amadas
por quem amei. Penso nisso quando sei
que não subiria hoje as escadas
do Barredo. Nem sequer as da Vitória,
parando no patamar para um mergulho
na paisagem que o rio anima, o que 
fiz tanta vez sem perder o fôlego. 
Nem me proporia atravessar o Montemuro
para um cozido enxundioso na Gralheira. 
Um dia não estarei. É o normal!
O meu lugar no café, o olhar 
ausente da paisagem, deixarei
umas cartas, alguns inéditos
no Compaq (em tempos ficariam
na gaveta), coisas sem importância
que só para mim a teriam. Estarei
em lugar nenhum, serei um retrato
na parede e não haverá lugar 
para qualquer dor, ó Drummond!

Egito Gonçalves

[Um reino maravilhoso]

 .

27.11.22

Martín López-Vega (Poema das vespas)




POEMA DE LAS AVISPAS 

 

Para otros, el amanecer de Ahu Tongariki,
escoltado por los moáis
como si quien lo contempla
cobijara la idea de hurtar el rayo verde.
Para otros, ver salir el sol
desde un globo, en Capadocia,
y convencerse de que no hay más
Gaudí que el viento ni mayor
maestro gótico que el agua.
Para otros, inaugurar el día
en Angkor Wat, cuando los rayos prologales
parecen decididos a incendiar los templos
y la fe; o en Milford Sound,
desperezándose a la vez
que los lobos marinos.
Yo quiero ver amanecer todos los días
descalzo, contigo,
en la terraza de casa,
cuando la luna se queda un rato aún
para poder contemplarte
a ti que disfrutas la primera luz de la mañana
sobre tu piel aún dormida,
con la toalla a modo de turbante
y tus ojos que despiertan y en mí despiertan
cuanto desde que estás ya no duerme nunca.
Sobre la mesa está el desayuno,
pero las avispas revolotea
n
en torno a ti, como si fueras
lo más dulce de la mañana.
Qué poco te conocen.

 

Martín López-Vega 

[Letras Libres]

  

 

Para outros, o amanhecer de Ahu Tongariki,
com escolta dos moais
como se quem o contempla
tivesse ideia de furtar o raio verde.
Para outros, ver nascer o sol
na Capadócia,
e convencer-se de que não há mais
Gaudi que o vento, nem maior 
mestre gótico que a água.
Para outros, inaugurar o dia
em Angkor Wat, quando os raios iniciais
parecem decididos a incendiar os templos
e a fé; ou em Milford Sound,
a espreguiçar-se com os lobos marinhos.
u quero ver amanhecer
todos os dias, descalço, contigo,
no terraço da casa,
quando a lua fica mais um pouco
para te poder contemplar,
a ti que desfrutas a primeira luz da manhã 
na pele ainda adormecida,
com a toalha como turbante
e teus olhos despertando, que em mim despertam
o que está sempre desperto depois que te conheço.
Na mesa está o pequeno-almoço,
mas revoluteiam as vespas
à tua volta, como se fosses tu
o mais doce da manhã toda.
Que mal que te conhecem!
 

(Trad. A.M.)



26.11.22

Javier Salvago (Como se quer a um gato)




COMO SE QUIERE A UN GATO

 

Amar a las personas
como se quiere a un gato:
con su carácter y su independencia,
sin intentar domarlo,
sin intentar cambiarlo,
dejando que se acerque cuando quiera,
siendo feliz
con su felicidad.

Javier Salvago

 

 

Amar as pessoas
como se quer a um gato,
com seu carácter, sua independência,
sem o querer mudar,
sem pretender domá-lo,
deixando-o aproximar quando quiser,
sendo feliz
com a sua felicidade.

(Trad. A.M.)

 .

24.11.22

O tempo pode tudo (CA-6)




O tempo pode tudo
O tempo tudo pode
Pode tudo o tempo
Tudo pode o tempo
Pode, pode
Tudo, tudo


(A.M.)

.

22.11.22

Mariana Finochietto (Estirpe)




ESTIRPE

 

Hay mujeres
que llevan
entre los dedos la fragilidad,
como gemas del aire.
Aves raras,
de delicada belleza,
cuando sonríen,
la risa las penetra
como si le bastara ir hacia adentro
para comprender la felicidad,
Se mueven
en este territorio blanco
entre la madurez y la ingenuidad,
porque nacieron viejas
y van, como en sueños,
hacia la inocencia,
Son de la estirpe que no baja los ojos;
las que heredarán la tierra.

Mariana Finochietto

 

Há mulheres
que usam
entre os dedos a fragilidade,
como jóia do vento.
Aves raras,
de delicada beleza,
quando sorriem,
o riso as penetra
como se bastasse vê-las por dentro
para comprender a felicidade.
Movem-se nesse branco territorio
entre o ingénuo e o sabido,
porque nasceram velhas
e caminham, como em sonhos,
para a inocência.
São da estirpe que não baixa os olhos,
as que hão-de herdar a terra.


(Trad. A.M.)

.

21.11.22

Isabel Fraire (Amor)





AMOR

és tão doce como o eco da brisa nos meus cabelos

e tão suave como a carícia intangível do sol

entre mim e ti uma paixão se permuta tão funda como o mar

em irisadas gotas de orvalho 

tua mão sobre mim é como se fosse minha carne

e teus desejos em minha boca explodem como flores

 

Isabel Fraire

 

(Trad. A.M.)

 .

19.11.22

Carlos Drummond de Andrade (O lutador)




O LUTADOR

 

Lutar com palavras 
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento 
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.

Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue…
Entretanto, luto.

Palavra, palavra 
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.

Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.

Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso, 
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se conclui 
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.


Carlos Drummond de Andrade

[Ciberduvidas]

 .

17.11.22

Angélica Morales (O ângulo mais escuro da noite)

 



EL ÁNGULO MÁS OSCURO DE LA NOCHE

 

A veces yo, 20 años,
el espejo limpio,
mis ojos siempre bajo el pozo de los verbos.
A veces yo, bebiendo pájaros.
(A sorbitos y desde el ángulo más oscuro de la noche)
Siempre yo y en cambio dividida,
creciendo.
(Niña/ Mujer / Leopardo / Bata de estar por casa /
Pedacito de pastel de hormigas)
A veces yo, 20, 40 años,
mis ojos caminando sin mí por una calle de doble sentido.
A veces yo,
en una curva de mis fotografías.
A los 50 años,
cerrando los ojos ante el espejo,
abriendo la jaula de todos mis pájaros.


Angélica Morales

 

Às vezes eu, 20 anos,
o espelho limpo,
meus olhos sempre debaixo do poço dos verbos.
Às vezes eu, bebendo pássaros.
(Aos golinhos e no ângulo mais escuro da noite)
Sempre eu e para compensar dividida,
crescendo.
(Menina/ Mulher/ Leopardo/ Bata de trazer por casa/
Pedacinho de papel das formigas)
Às vezes eu, 20, 40 anos,
meus olhos caminhando sem mim numa rua de dois sentidos.
Às vezes eu,
numa curva das minhas fotos.
Aos 50 anos,
fechando os olhos diante do espelho,
abrindo a jaula aos meus pássaros.


(Trad. A.M.)

 

>>  Angelica Morales (blogue) / NY Poetry Review (8p) / Crear en Salamanca (5p) / Wikipedia

 .


16.11.22

Graciela Perosio (Também o amor)




también el amor batalla
con la paciencia del que espera
y nunca desfallece
también el amor acontece
como lluvia estival inesperada
que copula en el mar
y engendra el arco iris
mientras los niños
– despreocupados –
juegan en las playas amplias
 

Graciela Perosio

 

também o amor briga
com a paciência de quem espera
e nunca desfalece
também o amor acontece
como chuva de verão inesperada
que copula no mar
e engendra o arco-íris
enquanto os meninos
- despreocupados -
brincam na praia
 

(Trad. A.M.)

 .

14.11.22

António Ferreira (Floresça, fale, cante)




(…)

Floresça, fale, cante, oiça-se e viva
a portuguesa língua, e já onde for,
senhora vá de si, soberba e altiva!

Se até aqui esteve baixa e sem louvor,
culpa é dos que a mal exercitaram,
esquecimento nosso, e desamor! 

Mas tu farás que os que mal julgaram
e ainda as estranhas línguas mais desejam,
confessem cedo, ante ela, quanto erraram.

E os que depois de nós vierem, vejam
quanto se trabalhou por seu proveito,
porque eles para os outros assim sejam.

(…)

António Ferreira

 .

12.11.22

Gloria Fuertes (As pessoas dizem)




La gente dice:
«Pobres tiene que haber siempre»
y se quedan tan anchos
tan estrechos de miras,
tan vacíos de espíritu,
tan llenos de comodidad. 

Yo aseguro
con emoción
que en un próximo futuro
sólo habrá pobres de vocación.
 

Gloria Fuertes

 

 As pessoas dizem:
"Pobres há-de haver sempre"
e põem-se tão anchos,
tão estreitos de vistas,
tão vagos de espírito,
tão cheios de comodismo. 

Eu afirmo
com emoção
que num futuro próximo
há-de haver só pobres de vocação.
 

(Trad. A.M.)

 .


11.11.22

Julia Gutiérrez (Tua voz levanta-me)




Tua voz levanta-me os pés do chão
e logo, num segundo, timidamente,
a vida começa a bater as asas.

Como eu queria ser pássaro
quando tu me chamas ‘céu’!


Julia Gutierrez

 
(Trad. A.M.)

.

7.11.22

Fernando Luis Chivite (A névoa)





LA NIEBLA

 

He aquí que después del dolor y el deseo
solamente
después de enterradas las armas
que a su paso abandonaron:

cuando la eternidad – de pronto
definitivamente –
en nada se distingue ya de aquella
vieja tapia amarilla
en la que el sol de la tarde solía
demorarse

y las palabras no tienen más sentido
que la mancha que queda en el mantel blanco
de la vida
bajo una rodaja de limón:

he aquí que renuncias a toda resolución ruidosa,
y extiendes la memoria
como una gran alfombra que debiera
silenciar tu caída
y adelantas tu oído conteniendo
cada respiración:

como queriendo dispersarte poco a poco
en la niebla
que asciende con el día:

ascender con la niebla poco a poco
y desaparecer.


Fernando Luis Chivite

[Life vest under your seat]

 

 

Eis que, depois da dor e do desejo,
só depois de enterradas as armas
que abandonaram ao passar;

Quando a eternidade – definitivamente,
de repente – em nada se distingue já
daquele velho muro amarelo
em que se demorava o sol da tarde

e as palavras não têm mais sentido
que a mancha que fica na toalha da vida
por baixo de uma rodela de limão:

eis que tu renuncias a qualquer decisão estrepitosa,
e estendes a lembrança
como um grande tapete que devesse
silenciar-te a queda
e avanças o ouvido,
suspensa a respiração:

como querendo dispersar-te pouco a pouco
na névoa
que ascende com o dia:

ascender com a névoa pouco a pouco
e desaparecer.


(Trad. A.M.)

 .

6.11.22

Felipe Benítez Reyes (A desconhecida)




LA DESCONOCIDA

 

En aquel tren, camino de Lisboa,
en el asiento contiguo, sin hablarte
-luego me arrepentí.
En Málaga, en un antro con luces
del color del crepúsculo, y los dos muy fumados,
y tú no me miraste.
De nuevo en aquel bar de Malasaña,
vestida de blanco, diosa de no sé
qué vicio o qué virtud.
En Sevilla, fascinado por tus ojos celestes
y tu melena negra, apoyada en la barra
de aquel sitio siniestro,
mirando fijamente -estarías bebida- el fondo de tu copa.
En Granada tus ojos eran grises
y me pediste fuego, y ya no te vi más,
y te estuve buscando.
O a la entrada del cine, en no sé dónde,
rodeada de gente que reía.
Y otra vez en Madrid, muy de noche,
cada cual esperando que pasase algún taxi
sin dirigirte incluso
ni una frase cortés, un inocente comentario...
En Córdoba, camino del hotel, cuando me preguntaste
por no sé qué lugar en yo no sé qué idioma,
y vi que te alejabas, y maldije la vida.
Innumerables veces, también,
en la imaginación, donde caminas
a veces junto a mí, sin saber qué decirnos.
Y sí, de pronto en algún bar
o llamando a mi puerta, confundida de piso,
apareces fugaz y cada vez distinta,
camino de tus mundos, donde yo no podré
tener memoria.
 

Felipe Benítez Reyes

 

Naquele comboio, a caminho de Lisboa,
no lugar do lado, sem te falar
-depois arrependi-me.
Em Málaga, num antro com luzes
da cor do crepúsculo, ambos cheios de fumo,
e tu nem me olhaste.
De outra vez no bar de Malasaña,
tu vestida de branco, deus de não sei
que vício ou virtude.
Em Sevilha, fascinado com teus olhos celestes
e negros cabelos, apoiada ao balcão 
daquele sítio sinistro,
a olhar fixamente, já um pouco tocada, o fundo do copo.
Em Granada, teus olhos eram cinzentos
e pediste-me lume, e nunca mais te vi,
e bem te procurei.
Ou à porta do cinema, não sei onde,
rodeada de gente a rir muito.
E outra vez em Madrid, muito de noite,
cada um à espera de um táxi que passasse,
sem dirigir-te sequer 
uma palavra cortês, um inocente comentário…
Em Córdova, a caminho do hotel, quando me perguntaste
por não sei que lugar, em não sei que língua,
e vi que te afastavas, e disse mal da vida.
Vezes sem conta, também, 
na imaginação, onde caminhas
por vezes a meu lado, sem sabermos que dizer.
E se de repente num bar
ou tocando-me à porta, por engano no andar,
apareces fugaz e sempre diferente,
demandando o teu mundo, onde me não será
permitida qualquer lembrança.
 

(Trad. A.M.)

.

4.11.22

António de Almeida Mattos (Não digas nada)




(III)

Não digas nada. Não venhas mais. Esquece.
Deixa que o tempo transporte da memória
quanto não chegou sequer a ser história 
e na cinza dos dias se esvanece. 

Deixa ficar o sonho interminado
sem glória nem prazer. Mas sem tristeza
maior que a de perder toda a certeza
de um momento de loucura iluminado. 

Um momento. De todos mais ardente.
Que fosse lume. Abismo. Fosse grito
que por dentro da pele se contivera. 

Deixa ficar. Não venhas. Não me tentes
a abraçar desvairado o infinito
que há dentro de ti à minha espera.
 

António de Almeida Mattos 

[Arpose]

 .

2.11.22

Mariana Finochietto (Aonde leva)





Adónde van
estas ganas de reír,
de escapar corriendo
por los montes,
descalza y sin aliento?
¿Adónde va
este salvaje impulso
de vivir,
deslumbrada de sol?
¿Adónde se esconde
el ansia
de ser más
que esta mujer
que cierra las ventanas
cada noche?


Mariana Finochietto

 

 

Aonde leva
esta vontade de rir,
de fugir a correr
pelos montes,
descalça e sem fôlego?
Onde leva este impulso bravío
de viver,
deslumbrada de sol?
Onde se esconde
a ânsia
de ser mais
do que esta mulher
que todas as noites
fecha as janelas?

(Trad. A.M.) 


1.11.22

Ernesto Pérez Vallejo (Razões de um ser irracional)




RAZONES DE UN SER IRRACIONAL

 

1. Por lo general las cosas van mejor en la cama cuando dejas de asociar la palabra puta con un precio. 

2. El destino es la palabra trampa. Los mismos que lo alaban al encontrarte, son los mismos que lo culpan cuando se van. 

3. Hay preguntas estúpidas.
¿ Me quieres como el primer día?
¿ Has pensado en mí todo el tiempo?
¿ Le has mirado las tetas a esa morena?

Te van a mentir de todos modos, deberías al menos no ponérselo tan fácil. 

4. Es totalmente necesario que tu espejo y sus ojos no estén del todo de acuerdo y siempre sientas más felicidad cuando el te mira, que cuando tú te ves. 

5. Si en tus caídas en lugar de tumbarse contigo te levanta, se llama amigo. 

6. Alguien cuyo propósito es cambiarte a su antojo, jamás lo hace para quererte más a ti, si no para quererse él dos veces. 

7. Puede ser cierto que la ignorancia en el amor de cierta felicidad pero suele ser mejor estar triste que ser felizmente estúpido. 

8. Sabes cuanto necesitas a alguien de verdad, cuando a su ausencia en lugar de llamarla soledad la llamas nostalgia. 

9. No se trata de que ame tus defectos, si no de que los confunda con virtudes. 

10. La confianza es como la virginidad, una vez la pierdes ya no hay modo de volver a ella. 

11. Hay palabras que se llevará el viento y palabras que crearán suspiros. Si eres capaz de diferenciarlas a tiempo ya tienes todo el aire a tu favor.

 12. A veces hay más amor en la intensidad de un portazo, que en la suavidad de un te quiero, en el azote de un insulto, que en el halago de una palabra amable. Si solo eres capaz de ver con el corazón, jamás podrás oír con la mirada.

 13. Nunca te quejes del olvido de alguien, tuviste la oportunidad de hacerte inolvidable y fracasaste.
 

Ernesto Pérez Vallejo 

[Los lunes que te debo]

  

 

1. Em geral, as coisas melhoram na cama, deixando de ligar a palavra puta com um preço. 

2. O destino é a palavra-cilada. Os que o louvam ao encontrar-te são os mesmos que o culpam ao ir-se embora. 

3. Há perguntas estúpidas:
- Amas-me como no primeiro dia?
- Pensaste em mim todo o tempo?
- Reparaste nas mamas daquela morena?

Vão-te mentir de todo o modo, ao menos não devias ajudar. 

4. É preciso absolutamente que o espelho e os seus olhos não estejam de acordo e que tu fiques mais feliz quando ele te olha do que quando tu te vês. 

5. Se na queda te ajuda a levantar, em vez de tombar contigo, isso é amigo. 

6. Quem pretender mudar-te a seus olhos não o faz para te amar mais, mas antes para se amar a si duas vezes. 

7. Pode ser que a ignorância no amor dê certa felicidade, mas é melhor estar triste do que ser felizmente estúpido. 

8. Sabemos quanto precisamos realmente de alguém quando chamamos saudade à sua ausência, em vez de solidão.

 9. Não se trata de amar os teus defeitos, mas sim de os confundir com virtudes. 

10. A confiança é como a virgindade, uma vez perdida não se recupera. 

11. Há palavras que o vento levará e palavras que despertarão suspiros. Se fores capaz de distingui-las a tempo, a teu favor terás o vento. 

12. Às vezes há mais amor na violência de uma portada do que na meiguice de um amo-te, mais no açoite de um insulto do que no mimo de uma palavra amável. Se só consegues ver com o coração, nunca ouvirás com o olhar. 

13. Não te queixes de alguém te esquecer, tiveste hipótese de fazer-te inesquecível e falhaste.

 
(Trad. A.M.)

 .