(III)
Não
digas nada. Não venhas mais. Esquece.
Deixa
que o tempo transporte da memória
quanto
não chegou sequer a ser história
e na
cinza dos dias se esvanece.
Deixa
ficar o sonho interminado
sem
glória nem prazer. Mas sem tristeza
maior
que a de perder toda a certeza
de um
momento de loucura iluminado.
Um
momento. De todos mais ardente.
Que
fosse lume. Abismo. Fosse grito
que por
dentro da pele se contivera.
Deixa
ficar. Não venhas. Não me tentes
a
abraçar desvairado o infinito
que há
dentro de ti à minha espera.
António de Almeida Mattos
[Arpose]