ONDE O POEMA
Entre o nervo e o osso
Entre o eco e o oco
Entre o mais e o pouco
Entre a sombra e o corpo
Entre a voz e o sopro
Entre o mesmo e o outro
Maria Esther Maciel
ONDE O POEMA
Entre o nervo e o osso
Entre o eco e o oco
Entre o mais e o pouco
Entre a sombra e o corpo
Entre a voz e o sopro
Entre o mesmo e o outro
Maria Esther Maciel
PREGUNTAS SIN RESPUESTA
Extraño nuestra casa,
moverme como un gato.
Perder el tiempo
observando la noche.
Echo de menos el silencio
que nos habitaba,
el tictac del reloj
que nunca tuve, el aroma
café de madrugada, la pila
de libros sobre la mesa
pero sobre todo extraño
las preguntas sin respuesta.
María Laura Decésare
Falta-me a nossa casa,
eu mexer-me como um gato.
Perder o tempo
a observar a noite.
Sinto falta do silêncio
que nos habitava,
o tiquetaque do relógio
que nunca tive, o cheiro
a café de madrugada, a pilha
de livros sobre a mesa
mas faltam-me sobretudo
as perguntas sem resposta.
(Trad. A.M.)
ARGIZAIOLA
Y nos hacemos memoria antigua descendiendo.
Descendiendo hasta el patio infantil de grava y moscas,
hasta la silenciosa compañía del juguete roto
en la casa enemiga,
hasta la matriz
y hasta el primer beso ácido
que todavía en el sueño inquieto del verano
la lengua trenza y atenaza,
y hasta esa primera mano
que enredó en nuestro pelo,
y hasta el asombro nunca apagado
de amanecer junto a otro cuerpo,
y hasta el envidiado pájaro:
ese pálpito primero.
Y también, descendiendo, poner la mirada
en el diente que insomne desgarra la sábana
sin descorrer por ello los velos de la sorpresa.
Y así mismo, enroscándonos,
descender a la herida y a la fiebre
y al primer terror
y siempre al primero y al segundo cuerpo.
Hasta la luz y hasta la muerte descendiendo.
Miguel Sánchez-Ostiz
Descendo, nos fazemos memória antiga.
Descendo até ao pátio infantil de cascalho e moscas,
até à silenciosa companhia do brinquedo partido
na casa inimiga,
até à matriz
e ao primeiro beijo ácido
que no sonho inquieto do verão
a língua tece e atazana,
e até essa mão primeira
que nos passou pelo cabelo,
e até ao assombro nunca desfeito
de amanhecer junto de outro corpo,
e até ao invejado pássaro,
esse pressentimento primeiro.
E também, descendo, pôr o olhar
no dente que rasga o lençol,
sem levantar por isso os véus da surpresa.
E outrossim, enroscando-nos,
descer à ferida e à febre e ao primeiro terror
e sempre ao primeiro e ao segundo corpo.
Até à luz, até à morte,
sempre descendo.
(Trad. A.M.)
.
Ainda atacas
como pode atacar um amor já ido
lá de vez em quando ainda atacas
irrompes num súbito alarme
sacodes-me de alto a baixo
impiedosa
mente
sacodes
me
e devagar te afastas
como um sol a pôr-
-se
Rui Caeiro
RESPUESTAS
Aún tardarás años en encontrarlas.
Tantos, que cuando ya las poseas,
si es que eso llega a suceder,
ya no sabrás qué hacer con ellas.
Jacob Iglesias
Levarás anos ainda a encontrá-las.
Tantos, que quando as tiveres,
caso isso chegue a acontecer,
não saberás o que fazer com elas.
(Trad. A.M.)
RESIDUA
Corta la vida o larga, todo
lo que vivimos se reduce
a un gris residuo en la memoria.
De los antiguos viajes quedan
las enigmáticas monedas
que pretenden valores falsos.
De la memoria sólo sube
un vago polvo y un perfume.
¿Acaso sea la poesía?
Ida Vitale
Curta ou longa a vida, tudo
o que vivemos se reduz
a uma cinza na memória.
De antigas viagens ficam
moedas enigmáticas
fingindo valores falsos.
Da memória sobe apenas
uma vaga poeira, um perfume.
Será acaso a poesia?
(Trad. A.M.)