10.10.24

Carmen Martín Gaite (Beco sem saída)




CALLEJÓN SIN SALIDA


Ya sé que no hay salida,
pero dejad que siga por aquí.
No me pidáis que vuelva.
Se han clavado mis ojos y mi
carne,
y no puedo volver.
Y no quiero volver.
Ya no me gritéis más que no hay
salida
creyendo que no oigo,
que no entiendo.
Vuestras voces tropiezan en mi costra
y se caen como cáscaras
y las piso al andar.
Avanzo alegre y sola
en la exacta mañana
por el camino mío que he
encontrado
aunque no haya salida.


Carmen Martín Gaite

 

Já sei que não há saída,
mas deixai-me ir por aqui,
não me peçais para voltar.
Cravaram-se-me os olhos
e a carne,
e não posso voltar,
e não quero voltar.
Não me griteis que não há
saída,
julgando que eu não oiço,
que não entendo.
Vossas vozes tropeçam-me na crosta
e caem como cascas,
que eu piso ao andar.
Avanço sozinha e alegre
na exacta manhã
pelo meu próprio caminho
que encontrei
embora não haja saída.


(Trad. A.M.)

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