(Buarcos, ainda…)
Na tarde por um pouco outoniça, cheia do pó das tamargueiras, deixo o banheiro em paz e sigo a orla da praia, alisada e deserta até ao forte.
Esta gente da costa é durázia e insistente.
O tempo escreve-lhe na pele como em papel pautado.
As caras encortiçadas vão fechando o segredo do viver, os olhos vão-se orlando de resistência e duração, os dedos engrossam e apertam o cigarro fumado até à ponta, último lume que os interessa quando já quase tudo se apagou.
- VITORINO NEMÉSIO, Corsário das Ilhas, 1956, Histórias de Mateus Queimado (O lagosteiro do lugre).
Na tarde por um pouco outoniça, cheia do pó das tamargueiras, deixo o banheiro em paz e sigo a orla da praia, alisada e deserta até ao forte.
Esta gente da costa é durázia e insistente.
O tempo escreve-lhe na pele como em papel pautado.
As caras encortiçadas vão fechando o segredo do viver, os olhos vão-se orlando de resistência e duração, os dedos engrossam e apertam o cigarro fumado até à ponta, último lume que os interessa quando já quase tudo se apagou.
- VITORINO NEMÉSIO, Corsário das Ilhas, 1956, Histórias de Mateus Queimado (O lagosteiro do lugre).
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