E SÓ DE PÃO VIVE O CRÍTICO
Outro dia um crítico dizia
que poemas meus só eram bons
quando compridos e de grande
enredo.
De quatro ou cinco versos,
não. Que não passavam de
literatura. Mal
saberá, esse rapaz, quanto o
poema de reduzido verso tem
de persecução do inalterável
e quanto ouro no seu corpo
de luz faz dos versos, quatro
ou cinco, veios da terra;
dilatada memória da nossa
visão, mistério secreto e
oculto que quieta o coração,
como quem
ante o altar queima incenso
o verso de oiro
relâmpago no horizonte do nosso
destino.
João Miguel Fernandes Jorge
.