26.1.16
Eugénio de Andrade (Nem sempre a luz vem assim)
Nem sempre a luz vem assim:
salta como um rapaz muro após muro,
entra pela janela.
O brilho dos medronhos chega ao fim:
extrema ponta dos dias,
aproximação da água.
Dia feito para a música, dizias;
ou para a dança, acrescentavas:
ritmo puro, sustido.
De muro em muro, sem nenhum peso,
entra pela casa.
Agora é ela que dorme comigo.
Eugénio de Andrade
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