COMO TU
Eu, tal como tu,
amo o amor, a vida, o doce encanto
das coisas, a paisagem
do céu do mês de Janeiro.
Também meu sangue se agita
e rio com olhos que bem conhecem
o brotar das lágrimas.
Creio que o mundo é belo,
que a poesia é como o pão, de todos.
E que minhas veias não acabam em mim
mas no sangue unânime
daqueles que lutam pela vida,
pelo amor,
pelas coisas,
a paisagem e o pão,
a poesia de todos.
Roque Dalton
(Trad. A.M.)
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