Devemos evitar explicações, justificações ou dar números; é sinal de fraqueza e confunde as pessoas.
Se precisarmos mesmo de apresentar exemplos, vamos buscar situações extremas, para o público perceber melhor; o caso da mulher-a-dias que tem uma pensão própria de 200 euros e uma pensão de sobrevivência de 150 não interessa; o que chama a atenção das pessoas é o caso do quadro que tem 5.000 euros mais 3.000 do falecido.
Há talvez 100 casos desses, se tanto – disse o salta-pocinhas.
Obrigou-me a rebater: o que é que interessa? ninguém pergunta isso.
E lembrem-se, ninguém quer saber dos velhos, são um estorvo, criam problemas, adoecem, causam despesa, muitas pessoas acham-nos repugnantes, querem é chutá-los para os lares, abandoná-los nos hospitais, se fosse possível até deixá-los na rua como fazem aos cães quando vão de férias.
Não nos compete julgar, mas temos de lidar com a realidade. (p. 123)
PAULO CASTILHO
O Sonho Português
(2015)
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