24.1.16

Paulo Castilho (Velhos)





Devemos evitar explicações, justificações ou dar números; é sinal de fraqueza e confunde as pessoas.

Se precisarmos mesmo de apresentar exemplos, vamos buscar situações extremas, para o público perceber melhor; o caso da mulher-a-dias que tem uma pensão própria de 200 euros e uma pensão de sobrevivência de 150 não interessa; o que chama a atenção das pessoas é o caso do quadro que tem 5.000 euros mais 3.000 do falecido.

Há talvez 100 casos desses, se tanto – disse o salta-pocinhas.

Obrigou-me a rebater: o que é que interessa? ninguém pergunta isso.

E lembrem-se, ninguém quer saber dos velhos, são um estorvo, criam problemas, adoecem, causam despesa, muitas pessoas acham-nos repugnantes, querem é chutá-los para os lares, abandoná-los nos hospitais, se fosse possível até deixá-los na rua como fazem aos cães quando vão de férias.

Não nos compete julgar, mas temos de lidar com a realidade. (p. 123)


PAULO CASTILHO
O Sonho Português
(2015)

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