A vez em que Alexandra conheceu Opus Night foi num whisky à noitinha e chovia que não era brincadeira.
Apanhado pelo aguaceiro e, para mais, em maré de ressaca, Sebastião Manuel Opus Night perdeu as referências e veio encalhar no bar Crocodilo, várias milhas a leste dos abrigos que lhe eram habituais.
Parece, não teve bem a certeza, que pelo caminho viu passar o corpo do padre Miguel a boiar na enxurrada.
As condições de visibilidade não eram as melhores porque o Opus Night ainda vinha estremunhado dos lençóis da véspera, apesar da hora tardia.
No bar meteu bebida fresca ao balcão, e depois esperou.
Procurava reconhecer aquela nau pela figura de proa que estava à vista, um crocodilo em prata fosca, ia jurar; ou de aço, ou nem uma coisa nem outra, se calhar não passava de um pedaço de lata polida a fazer de demónio tutelar.
Estava nisto, quando entrou o Nuno que de certo modo era da casa e vinha ali, disse ele, para se encontrar com duas amigas.
Fazes bem, felicitou-o o Opus, a chuva e orvalho amansam a andorinha e arrebitam o mangalho. (p.241)
JOSÉ CARDOSO PIRES
Alexandra Alpha
(1987)
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