Pois é.
Alexandra e Opus Night os dois agora sozinhos diante dos copos.
A orquestra mecânica, um preto articulado a coçaram banjo na barriga.
'Pois é', repetiu ela.
'Já vi que o mano não é de bailar e eu por acaso nem por isso'.
Pois é. Pois era.
Ela e o marquês de olhar nocturno.
'E quanto a conversa?', perguntou, 'Aprecia ou faz jejum?'
Sebastião Opus Night sorria, manso.
'Não sei se sabe que vai por aí uma grande carestia', tornou Alexandra.
'Pois. É verdade.
'Uma grande carestia.
'Costuma-se a dizer que mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, compreende-me, não é assim?
'Claro, eu sei que me compreende.
'Olhe, mano, eu se não fosse assim tão deseducada tinha mas era ido para psicóloga, que hoje em dia é onde está o futuro.'
Opus Night: 'Se as mulheres tivessem alma, Deus aparecia sem barbas'.
Alexandra: 'Olá? Confesso que não percebi. Pelo que estou a ver o mano é de sabedorias'.
Opus Night: 'Muito. De mulheres e de bebida cada qual sua medida. Gostou?'
Alexandra: 'Imenso. O pior, sabe, é que elas não matam mas moem'. (p.248)
JOSÉ CARDOSO PIRES
Alexandra Alpha
(1987)
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