PARA ALÉM DE MIM
Não existe para além de mim, a dor,
está encerrada nos confins do meu corpo,
um íman que a absorveu do mundo.
Privatizei a dor, dir-se-ia,
e agora, à minha volta, há um vazio luminoso,
uma como auréola impermeável
isolando o tumor
de que sei apenas que sou eu mesma.
Mas tão pouco sei nada sobre mim.
Ana Blandiana
(Trad. A.M.)
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