A dois passos dela, na mesa em festa, os vacanças cresciam de espuma e de tom.
Carregavam as canecas e discutiam casos de trabalho e do fazer pela vida.
Um deles declarou que estava há sete meses na retrete.
Na retrete?
Reforma, queria ele dizer.
Há sete meses na reforma com todos os abonamentos que manda a lei, c’était pas mal quand même, mas para chegar aí o homem tinha dois dedos decepados e mostrava-os como um troféu.
Alexandra fazia os possíveis para não olhar, mas não resistia,
La retraite est l’opium du bureaucrate era o que lhe apetecia dizer no meio daquela confraternização de cerveja.
‘Trabalhei batimentos onze anos, ah, bom, é preciso ver, e a patroa ainda continua a fazer ménages e birôs’, proclamava o emigrante dos dedos mutilados. (p.214)
JOSÉ CARDOSO PIRES
Alexandra Alpha
(1987)
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