Andaria pelas dunas em devaneio, no corpo
saliente desafio. Mostrei a maior calma.
Era preciso caminhar a passo largo. Logo
uma voz me chamou. Como não olhei para trás
gritou-me. O serra da estrela não lhe faz mal.
E como é que eu sabia, eu não podia saber.
Resolvemos isso com um copo. E não foi só um.
Depois eu tive dentes de cortiça, mostrei
uma fé saloia. Palavras e fumos e o cão
ali quieto ao nosso lado. Confessei-me:
tudo e todos me atiram para o centro e por isso
é que digo barbaridades. Pronto, posso fazer
alguma coisa por ti, lavar-te as costas, cortar-te
as unhas dos pés, sentar-me com as mãos
nos cotovelos. Tenho uma dor por todo
o lado. Tenho um amor que não sabe
o que vale. E o serra da estrela já é teu amigo.
Helder Moura Pereira
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Poesias e prosas (27p) /
Relampago (recensão) /
nEscritas (4p)
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