(UMA HISTÓRIA)
Com esse estado de espírito inescapável eu perguntava-me, enquanto observava a infinitude do universo: a quem caralho importará o que eu possa dizer em um livro?
Como é possível ter-me deixado convencer por Ana, mas sobretudo por mim mesmo, e ter tentado escrever esse livro?
Onde fui buscar a ideia de que eu, Ivan Cárdenas Maturell, queria mesmo escrevê-lo e talvez até publicá-lo?
E onde, que algum dia, em outra vida distante, tinha pretendido e julgado vir a ser escritor?
E a única resposta ao meu alcance era que aquela história me perseguia porque ela precisava de alguém que a escrevesse.
E essa grande filha da puta tinha-me escolhido a mim.
(Cap. 28)
LEONARDO PADURA
El hombre que amaba a los perros
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