XIV
¡Cuídate, España, de tu propia España!
¡Cuídate de la hoz sin el martillo,
cuídate del martillo sin la hoz!
¡Cuídate de la víctima apesar suyo,
del verdugo apesar suyo
y del indiferente apesar suyo!
¡Cuídate del que, antes de que cante el gallo,
negárate tres veces,
y del que te negó, después, tres veces!
¡Cuídate de las calaveras sin las tibias,
y de las tibias sin las calaberas!
¡Cuídate de los nuevos poderosos!
¡Cuídate del que come tus cadáveres,
del que devora muertos a tus vivos!
¡Cuídate del leal ciento por ciento!
¡Cuídate del cielo más acá del aire
y cuídate del aire más allá del cielo!
¡Cuídate de los que te aman!
¡Cuídate de tus héroes!
¡Cuídate de tus muertos!
¡Cuídate de la República!
¡Cuídate del futuro!…
César Vallejo
Cuida-te, Espanha, de tua própria Espanha!
Cuida-te da noz sem martelo,
cuida-te do martelo sem noz!
Cuida-te da vítima apesar dela,
do verdugo apesar dele
e do indiferente apesar dele!
Cuida-te desse que, antes de o galo cantar,
há-de negar-te três vezes, e também
do que te negou, depois, três vezes!
Cuida-te das caveiras sem tíbias
e bem assim das tíbias sem caveiras!
Cuida-te dos novos poderosos!
Cuida-te do que come teus cadáveres,
do que devora mortos teus vivos!
Cuida-te do leal cem por cento!
Cuida-te do céu aquém do ar,
assim como do ar além do céu!
Cuida-te dos que te amam!
E dos teus heróis!
E dos teus mortos!
Cuida-te da República!
E do futuro!...
(Trad. A.M.)
.