1.11.10

Raymond Carver (Poemas)






POEMS




They’ve come every day this month.
Once I said I wrote them because
I didn’t have time for anything
else. Meaning, of course, better
things – things other than mere
poems and verses. Now I’m writing
them because I want to.
More than anything because
this is February
when normally not much of anything
happens. But this month
the larches have blossomed,
and the sun has come out
every day. It’s true my lungs
have heated up like ovens.
And so what if some people
are waiting for other shoe
to drop, where I’m concerned.
Well, here it is then. Go ahead.
Put it on. I hope it fits
like a shoe.
Close enough, yes, but supple
so the foot has room to breathe
a little. Stand up. Walk
around. Feel it? It will go
where you’re going, and be there
with you at the end of your trip.
But for now, stay barefoot. Go
outside for a while, and play.



RAYMOND CARVER
A New Path to the Waterfall
(1989)


[Balconcillos]







Este mês vieram todos os dias.
Eu uma vez disse que os escrevia
por não ter tempo para mais
nada. Querendo dizer, já se vê,
nada melhor, melhor do que simples
poemas e versos. Agora escrevo-os
porque me apetece.
Mais que tudo por
estarmos em Fevereiro
quando não acontece normalmente
grande coisa. Mas este mês
floriram os cedros
e o sol apareceu todos os
dias. É certo que meus pulmões
aqueceram como um forno.
E que me importa se algumas pessoas
estão à espera de largar outro sapato,
onde é que me afecta.
Bem, cá está então. Vá lá,
experimenta, espero que sirva,
como um sapato.
À medida, sim, mas suave
para o pé poder respirar
um pouco. Levanta-te.
Dá uma volta. Estás a ver? Ele vai
contigo onde tu fores, até ao fim da caminhada.
Mas deixa-te por agora estar descalço.
Sai um bocado, diverte-te.


(Trad. A.M.)


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