SILÊNCIO
Uma noite,
quando o
mundo já era muito triste,
veio um
pássaro da chuva e entrou
no meu
peito,
e aí, como
um queixume,
ouviu-se
esta voz de dor que já era a tua
voz,
como um
metal fino,
uma lâmina
no coração dos pássaros.
Agora,
nem o vento
move as cortinas desta casa.
O silêncio é
como uma pedra imensa,
encostada à
garganta.
José Agostinho Baptista
[Alma tua]