Y ESCRIBIR TU SILENCIO SOBRE EL
AGUA
No sé si es sombra en el
cristal, si es sólo
calor que empaña un brillo;
nadie sabe
si es de vuelo este pájaro o de
llanto;
nadie le oprime con su mano,
nunca
le he sentido latir, y está
cayendo
como sombra de lluvia, dentro y
dulce,
del bosque de la sangre, hasta
dejarla
casi acuñada y vegetal,
tranquila.
No sé, siempre es así, tu voz me
llega
como el aire de Marzo en un
espejo,
como el paso que mueve una
cortina
detrás de la mirada; ya me siento
oscuro y casi andado; no sé cómo
voy a llegar, buscándote, hasta
el centro
de nuestro corazón, y allí
decirte,
madre, que yo he de hacer en
tanto viva,
que no te quedes huérfana de
hijo,
que no te quedes sola allá en tu
cielo,
que no te falte yo como me
faltas.
Luis Rosales
É talvez a
sombra no vidro, ou então
uma mancha de embaciado; ninguém sabe
se é de voo este pássaro ou de pranto;
ninguém o aperta com a mão, nem
o sentiu latejar, e aí está ele caindo
como sombra de chuva, dentro e doce,
do bosque do sangue, até o deixar
dormido e vegetal, tranquilo.
Não sei, é sempre assim, a tua voz chega-me
como o passo que faz mover a cortina
por trás do olhar; e eu fico a sentir-me
escuro e quase alheado; não sei como
atingirei, buscando-te, o centro
uma mancha de embaciado; ninguém sabe
se é de voo este pássaro ou de pranto;
ninguém o aperta com a mão, nem
o sentiu latejar, e aí está ele caindo
como sombra de chuva, dentro e doce,
do bosque do sangue, até o deixar
dormido e vegetal, tranquilo.
Não sei, é sempre assim, a tua voz chega-me
como o passo que faz mover a cortina
por trás do olhar; e eu fico a sentir-me
escuro e quase alheado; não sei como
atingirei, buscando-te, o centro
do nosso
coração, para ali te dizer,
mãe, que hei-de fazer com que
não fiques órfã de teu filho,
que não fiques sozinha lá no teu céu,
que eu não te falte como tu a mim me faltas.
mãe, que hei-de fazer com que
não fiques órfã de teu filho,
que não fiques sozinha lá no teu céu,
que eu não te falte como tu a mim me faltas.
(Trad. A.M.)
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