Arrebatado, um saco de plástico saltou nos céus, a boa
altura, muito acima das copas dos pinhais.
Oscilou, valsou, pairou, lento, como
se fosse para ir ficando, suspenso de nada.
E espreguiçava-se, e encolhia-se e
expandia-se, revirava-se, gozava a vista e o Sol.
Agora drapejava – era
bandeira, agora planava – era milhano, agora enfunava-se – era balão.
Estava nisto e estava a convencer-se de que as letras verdes
e o símbolo amarelo – Pingo Doce – pertenciam por direito
próprio àquelas zonas alcandoradas, de aragens mais quentes.
Veio uma guinada,
deitou-lhe a garra, amarfanhou-o e rebaixou-o uns metros.
Outra o resgatava,
amparava e desdobrava, impante e triunfal, com sonoridades secas.
À traição,
atirou com ele para longe, uma, outra e outra vez, apesar de resistir com os
bufos sacudidos de um polvo.
Vai abaixo! Vai acima!
MÁRIO DE CARVALHO
A Sala Magenta-XII
(2008)
A Sala Magenta-XII
(2008)
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