1.3.16

Ángel González (Bosque)





BOSQUE



Cruzas por el crepúsculo.
El aire
tienes que separarlo casi con las manos
de tan denso, de tan impenetrable.
Andas. No dejan huellas
tus pies. Cientos de árboles
contienen el aliento sobre tu
cabeza. Un pájaro no sabe
que estás allí, y lanza su silbido
largo al otro lado del paisaje.
El mundo cambia de color: es como el eco
del mundo. Eco distante
que tú estremeces, traspasando
las últimas fronteras de la tarde.

Angel González




Atravessas o crepúsculo.
O ar
tens que afastá-lo quase com as mãos,
de tão denso, impenetrável.
Caminhas. Os teus pés
não deixam rasto. Centenas de árvores
suspendem a respiração acima
da tua cabeça. Um pássaro ignora
que estás ali e lança o seu assobio
longo dum lado ao outro da paisagem.
O mundo muda de cor, é como o eco
do mundo. Eco distante
que te faz estremecer, passando
as últimas fronteiras da tarde.


(Trad. A.M.)

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