8.3.16

Louise Glück (O passado)





THE PAST



Small light in the sky appearing suddenly between
two pine boughs, their fine needles
now etched onto the radiant surface
and above this high, feathery heaven...

Smell the air. That is the smell of the white pine,
most intense when the wind blows through it
and the sound it makes equally strange,
like the sound of the wind in a movie...

Shadows moving. The ropes
making the sound they make. What you hear now
will be the sound of the nightingale, Chordata,
the male bird courting the female...

The ropes shift. The hammock
sways in the wind, tied
firmly between two pine trees.

Smell the air. That is the smell of the white pine.

It is my mother’s voice you hear
or is it only the sound the trees make
when the air passes through them
because what sound would it make,
passing through nothing?


Louise Glück

[Poets]




Uma luzinha aparecendo no céu de repente,
entre dois ramos de pinheiro, com as agulhas
caídas no solo e por cima disto
o céu alto, muito leve...

Há um cheiro no ar, o cheiro dos pinheiros,
mais intenso quando o vento sopra,
com um som estranho, a lembrar
o som que o vento faz no cinema...

Sombras deslocam-se, as cordas fazem um ruído.
O que se ouve agora é o canto do rouxinol, Chordata,
o macho assediando a fêmea...

As cordas rangem, a rede baloiça ao vento,
firme e segura entre dois pinheiros.

Há um cheiro no ar, dos pinheiros.

É a voz de minha mãe que se ouve,
ou apenas o rumor das árvores roçadas pelo vento?
Que som havia de fazer o vento
ao roçar pelo nada?

(Trad. A.M.)

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