Decidiste voltar – muito bem, decisão acertada – mas não basta voltar, tens de perceber uma coisa: voltar, para ti, tem de ser a suprema felicidade, tens de voltar sem hesitações e sem dúvidas, com alegria, de braços abertos, é isso que os nossos parceiros querem e esperam, e com todo o direito.
Quando dizes a um homem: eu quero ficar contigo, tens de dizer também, e tens de mostrar, que isso para ti é a suprema felicidade, que é essencial para a saúde da tua alma e até para que a tua vida tenha sentido.
Não basta chegar e assentar: aqui estou eu, trata de mim.
Estas coisas no geral nunca são explicadas porque são intuitivas, mas parece-me, com toda a franqueza, que te falta essa intuição.
Não podes ser tão honesta, ou rígida, ou lá o que é, o amor é um jogo com alguns enganos, porque todos nós gostamos de ser um bocadinho enganados desde que seja no bom sentido.
Resumindo: eles têm de sentir que nós os queremos mais do que tudo o que há no mundo – exagera-se um pouco, não tem mal, eles sabem que é exagero, mas gostam.
E nós, a partir desse momento, mas não antes, ficamos com o direito de lhes exigir o céu e a terra. (p. 391)
PAULO CASTILHO
O Sonho Português
(2015)
.