17.9.14
Leonardo Padura (Gonorreia)
(GONORREIA)
Descobri com certo assombro que naquele ambiente a minha habitual timidez sexual desaparecia com as portas derrubadas pelo álcool, a sensação de fuga ao confinamento desse sítio afastado, e a urgência (minha e das minhas amantes eventuais) de libertarmos algo de próprio.
Nunca comi, nem bebi, nem muito menos transei tanto, nem com tantas mulheres, nem em lugares tão incríveis como nesses dois anos, no fim dos quais acabei a reagir como um cínico capaz de mentir sem problemas, e com uma gonorreia que espalhei generosamente e convertido, como tantos entre os habitantes da região, num alcoólico desses que dejejuam com um trago de aguardente e uma cerveja gelada para compensar os efeitos da ressaca da noite anterior.
(Cap.5)
LEONARDO PADURA
El hombre que amaba a los perros
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