10.8.13
Mario Quintana (O último poema)
O ÚLTIMO POEMA
Enquanto me davam a extrema-unção,
eu estava distraído…
Ah, essa mania incorrigível de estar
pensando sempre noutra coisa!
Aliás, tudo é sempre outra coisa
- segredo da poesia –
E, enquanto a voz do padre zumbia como um besouro,
eu pensava era nos meus primeiros sapatos
que continuavam andando, que continuam andando,
até hoje
pelos caminhos deste mundo.
Mario Quintana
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