21.8.13
Karmelo C. Iribarren (Ao cair do sol)
AL CAER EL SOL
Nunca lo he visto antes,
pero conozco
a ese hombre.
(Si me acercase,
distinguiría en sus ojos
ese brillo gastado,
como sin vida,
que tanto me recuerda, por cierto,
a los oficinistas
de mi infancia).
Pronto
se llevará la cerveza a los labios,
le dará un sorbo,
y volverá a dejarla
suavemente sobre la barra.
Sin prisa. No la hay. No le hace falta.
Nada nuevo va a ocurrir
y lo sabe. Se encuentra
más allá de la esperanza,
en su perpetuo
atardecer.
Conozco a ese hombre, sí,
y me da miedo.
A veces, de madrugada,
poco antes de acostarme, me mira
desde el espejo.
KARMELO C. IRIBARREN
Atravesando la noche
(2009)
Nunca o vi antes,
mas conheço
esse homem
(Se me chegasse,
distinguiria em seus olhos
esse brilho gasto,
como que sem vida,
que tanto me lembra, por certo,
os escriturários
da minha infância).
Vai levar
a cerveja aos lábios,
dará um gole
e voltará a pô-la
suavemente sobre o balcão.
Sem pressa. Não há. Não precisa.
Não vai acontecer nada de novo
e ele sabe-o. Encontra-se
para além da esperança
em seu perpétuo
entardecer.
Conheço esse homem, sim,
e faz-me medo.
Às vezes, de madrugada,
antes de me deitar, olha-me
lá do fundo do espelho.
(Trad. A.M.)
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