24.2.12
Aquilino Ribeiro (A malha-3)
(Ainda a malha)
Era um buzinado de guerra.
À porfia, de olhos no chão moventes em que o sol, já alto, se espojava num delíquio de luz e de fogo, apertavam uns com os outros.
Com luzinhas presas a cada aresta de palha, a eira breve se tornava um caldeirão de cobre a ferver.
Por isso mesmo a manobra requeria olho fino e mão lesta.
Já os olhos, em sua fixidez para a mobilidade, desvairavam.
Mas os braços obedeciam pela ordenança mesmo do vaivém.
E sempre avante!...
O grão lá ia largando, era ver as zagalotadas que acompanhavam o erguer dos pirtigos na palha delida.
Conho, tinha que saltar, para ir ao crivo das cirandeiras, às arcas, à azenha, e volver do forno no pãozinho que, com tanto apego, se pede ao Senhor no padre-nosso.
Agora, que escorresse lume, ou se calcasse lume, era deitar o alento todo.
E, hã-hã, hã-hã, lá iam.
- AQUILINO RIBEIRO, Terras do Demo, 1.ª parte, II.
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