26.5.11

Amadeu Baptista (O centro do mundo)








O CENTRO DO MUNDO (16)





 Não leves nenhum desespero para casa.
 Os que sofrem hoje
 não são os que sofrerão amanhã.
 Os que imploram hoje
 não são os que implorarão amanhã.
 A medida de todas as coisas
 é como a mulher que chora no centro do mundo.
 Chora para constatar que está viva.
 Serve-te de um copo de leite.
 Vê como é branco.
 Constata como é puro.
 Observa como só até um preciso momento
 é útil e fruível,
 Qualquer pergunta que possas fazer sobre ti
 terá sempre uma única resposta
dentro de ti.
 És como o leite,
 puro e fruível
 até ao preciso momento em que se ferve
 ou azeda.




AMADEU BAPTISTA
Arte do Regresso
(1999)