11.5.11
Ana Montojo Micó (A ponta de navalha)
A PUNTA DE NAVAJA
Cuando al amor le da por suicidarse
no hay quien sea capaz de detenerlo;
de pronto se congelan los abrazos
y queman las palabras de ayer mismo.
Regresan los sicarios del orgullo
desde un negro reducto masoquista,
a robarnos la infantil inconsciencia
de amarnos a lo loco y sin preguntas,
como niños idiotas, sin recelos.
Ahora que hemos crecido y somos listos,
no nos engaña nadie; nos protege
nuestro propio demonio de la guarda
de cualquier tentación de ser felices
para poder dormir, plácidamente,
sobre la tibia almohada del fracaso.
Ana Montojo Micó
[El humo ciega mis ojos]
Quando o amor lhe dá para se matar
não há quem o possa deter;
gelam de repente os abraços
e queimam as palavras da véspera.
Voltam os sicários do orgulho
do seu negro reduto masoquista,
para nos roubar a inconsciência infantil
do nos amarmos como loucos, sem perguntas,
crianças idiotas, sem temores.
Agora que crescemos e estamos prontos,
ninguém nos engana; guarda-nos
o nosso próprio demónio custódio
de qualquer tentação de ser felizes
para poder dormir, placidamente,
a cabeça na travesseira do fracasso.
(Trad. A.M.)
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