4.1.10

Alexandre O'Neill (O beijo)







O BEIJO



Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.


Donde teria vindo! (não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?


É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.


E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...



Alexandre O’Neill

.