ESCRITURA                         
Alguna vez escribiré con
piedras,
 midiendo cada una de mis frases
 por su peso, volumen, movimiento.
 Estoy cansado de palabras.
No más lápiz: andamios,
teodolitos,
 la desnudez solar del sentimiento
 tatuando en lo profundo de las rocas
 su música secreta.
Dibujaré con líneas de guijarros
 mi nombre, la historia de mi casa
 y la memoria de aquel río
 que va pasando siempre y se demora
 entre mis venas como sabio arquitecto.
Con piedra viva escribiré mi
canto
 en arcos, puentes, dólmenes, columnas,
 frente a la soledad del horizonte,
 como un mapa que se abra ante los ojos
 de los viajeros que no regresan nunca.
Eugenio Montejo
Um dia
escreverei com pedras, 
medindo cada frase
por seu peso, volume, movimento.
Estou cansado de palavras.
medindo cada frase
por seu peso, volume, movimento.
Estou cansado de palavras.
Lápis não,
andaimes, teodolitos,
a nudez
solar do sentimento
tatuando no fundo das rochas
tatuando no fundo das rochas
sua música
secreta.
Com seixos
escreverei
meu nome, a
história de  minha casa
e a memória daquele rio
e a memória daquele rio
que vai
passando sempre e se demora,
sábio arquitecto, nas minhas veias.
sábio arquitecto, nas minhas veias.
Com pedra
viva escreverei meu canto
em arcos,
pontes, colunas,
frente à
solidão do horizonte,
como um mapa
a abrir-se ante os olhos
dos viajeiros que não regressam nunca.
dos viajeiros que não regressam nunca.
(Trad. A.M.)
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