17.4.17

Louise Warren (Criar espaço)





Criar espaço, o poema responde sempre a essa exigência.
Andar sobre as águas, na superfície da lua, neve e gelo.
Marcha interrompida, calor a subir após um tempo
de caminhada. Voltar sem as luvas.
Ler, escrever, depois de tanto tempo no corpo.
Um modo de viver com.
A sensibilidade ama a vida. Harmonia natural, pulsação contínua.
O silêncio tira seus próprios fios, suas conclusões.
Os caramelos de Fevereiro, a luz fechada em si mesma. Tomá-los, também a eles.
A minha véstia quente de lã e o bater do meu coração, nada mais da tarde.
Espaço de solidão, nada entre o vidro e a interrogaçãp.
Minha gratidão para com a poesia, uma emoção derivada da ferida,
da dor, da força, inteira em si própria.
A nitidez de uma sombra, uma frase, uma nota.


Louise Warren


(Trad. A.M.)

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