Desceu a marginal a pé.
À sua esquerda carros em vaivém; Tejo à direita, a caminho do mar.
Sol a jorros.
A Alexandra é que estava sempre a dizer que o Tejo era um rio grande de mais para o País; que toda a vida tinha sido maltratado pela gente e por isso é que fugia para o mar.
Mar, que o esperava de braços abertos e com todas as honras, apressava-se a acrescentar Maria, pois um respeitável como o Tejo era bem recebido em qualquer parte.
Lembrou-se do verso de Ruy Belo, 'O meu país é o que o mar não quer', e, sempre a andar, cigarro na boca e sempre a olhar, a espairecer, puxou do relógiozinho de prata.
Três horas.
'O meu país', esta resignação amável, este caminhar cabisbaixo atrás da sombra que nos comanda, aí estava o país que o mar não queria. (p.277)
JOSÉ CARDOSO PIRES
Alexandra Alpha
(1987)
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