Se Opus Night dispusesse de registo de bordo poderia ter comprovado que nessas quarenta e tal horas à bolina tinha atracado a mesas de poker e a um sem-número de bares errantes; que dormitara, de pé e de sexo na mão, à boca de urinóis; que atravessara nevoeiros de memória, coisa frequente; que se sentara à cerveja na Academia do Tremoço, com camarões a marinharem-lhe pela lapela; que abaterá alguns bebedores fora de escala em conversares malignos.
Que, finalmente, aí pelas zero e trinta do segundo dia, deu de proa com a cabecinha de Sophia Bonifrates que deslizava em iceberg no topo duma capa negra submersa na escuridão, e foi desse pleonasmo, preto sobre a noite, trevas sobe o escuro, que nasceu a fotografia onde eles iriam aparecer juntos.
Chocaram-se à porta do Crocodilo.
Sophia, tilintando as chaves do carro na ponta dos dedos, vinha ao sabor da corrente e ia até lá dentro a ver se encontrava alguém.
A ver se espairecia, explicou ela. (p.266)
JOSÉ CARDOSO PIRES
Alexandra Alpha
(1987)
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