7.8.15

Ernesto Pérez Vallejo (O outro lado do meu silêncio)





AL OTRO LADO DE MI SILENCIO



Me ven solo y piensan que estoy triste.
Se preguntan por qué no soy capaz de relacionarme,
por qué no acompaño sus risas,
o me hago partícipe de sus historias cotidianas.
Por qué no les cuento algún secreto inconfesable
para así no tener que avergonzarse de los suyos.

Ni uno solo de todos ellos
ve mi soledad como elección.

Ellos, que cuando por fin te decides a hablar
encuentran en tus palabras alguna similitud
con aquello que les ocurrió una vez
y dejan tus labios huérfanos de la siguiente frase
para mover los suyos hasta la extinción de la saliva.

Los mismos que te preguntan el típico - ¿ Hola que tal?
Y se apoderan también de la respuesta.
Siempre estarán mucho mejor o mucho peor que tú
porque incluso a la hora de estar jodidos
también necesitan la victoria.

Soy yo el tipo raro,
el que solo ha movido un pie en toda la fiesta,
el que va ya por la cuarta copa
para soportar con cierta dignidad
cada uno de sus diálogos.
Que a Noelia el sexo anal le parece un asco,
que Víctor ha dejado preñada a una tal Eva,
que han echado del trabajo a Sergio
y que a quién coño le va a extrañar con lo flojo que ha sido siempre.
Que con Alba todos coinciden en que cada día está mas gorda
pero justo cuando ha aparecido,
han alabado su vestido
y le han confesado que le está sentando de maravilla
ese nuevo gimnasio.
Que Alvaro ya ha ido cuatro veces al baño
y nadie puede mear tantas veces en tan poco tiempo.
Que eso es lo que tienen las malas compañías.
Luego una hora después, Alvaro, las malas compañías
y los mismos que me lo han dicho
hacen cola en la puerta del aseo
moviendo la mandíbula al ritmo de una canción
que ni siquiera oyen.

Y en toda esta selva
la única persona que me importa ni me mira.
Sus ojos me dirían más
que todas las lenguas juntas
de este maldito mundo.
Y si además se acercara
yo no solo movería un pie.
Tal vez hasta le contaría algo gracioso,
los lunares de sus brazos
y un secreto.
O cien.
Y hasta puede que en esta mierda de noche
yo también supiera sonreír.

Pero ni caso.
Yo soy el hombre extraño.
- Habla poco. Dicen.
- Ni siquiera mira a los ojos. Murmuran.
- Es demasiado antipático. Aseguran.

Y ella, la chica que no me observa,
se va de la mano con él,
el chico con el récord en abdominales
que desea comprobar si lo de su novia Noelia y el sexo anal,
no es una moda extendida.

Yo me marcho a casa sin más.
Mientras la gente nunca logra entender
porque siempre estoy tan solo
y yo jamás conseguiré explicarme
como ellos todavía
son capaces de aguantarse.

Ernesto Pérez Vallejo

[Los lunes que te debo]




Vêem-me sozinho e pensam que estou triste,
perguntam-se porque é que eu não me dou mais,
porque não lhes acompanho as risadas
ou participo das suas histórias quotidianas,
porque não lhes conto algum segredo inconfessável,
para os livrar da vergonha dos deles.

Nem um só deles olha
para a minha solidão como escolha.

Eles, que quando por fim abres a boca
vêem-te nas palavras alguma semelhança
com o que já lhes aconteceu
e deixam-te os lábios órfãos da frase seguinte
para mexerem os deles até se acabar a saliva.

Os mesmos que te dizem o costumeiro: Então, que tal?
E logo se apossam também da resposta.
Hão-de estar sempre muito melhor ou então muito pior que tu
porque mesmo na hora da porra
precisam muito da vitória.

Eu é que sou o tipo esquisito,
o que só mexeu um pé em toda a festa,
o que vai já no quarto copo
para lhes suportar com certa dignidade
cada um dos seus diálogos.
Que o sexo anal à Noelia mete-lhe nojo,
que o Víctor engravidou uma tal Eva,
que o Sérgio foi despedido
e quem é que pode estranhar frouxo como ele é.
Que Alba todos concordam que está cada vez mais gorda
mas olha aí lá vem ela
e todos lhe gabam o vestido,
dizendo mesmo que aquele novo ginásio
está-lhe a fazer maravilhas.
Que Álvaro já foi quatro vezes ao banheiro
o que é estranhíssimo em tão pouco tempo,
mas é no que dão as más companhias.
A seguir, passado uma hora, o Álvaro, as más companhias
e aqueles mesmos que mo disseram
fazem fila à porta do banheiro
mexendo a mandíbula ao ritmo de uma canção
que nem sequer escutam.

E nesta selva toda
a única pessoa que me interessa nem para mim olha.
Os olhos dela diziam-me mais
que todas as línguas juntas
deste mundo amaldiçoado.
E se por acaso se aproximasse
eu já não desandava mais pé,
talvez até lhe contasse uma graça qualquer,
ou lhe contasse os sinais dos braços
mais um segredo.
Ou cem.
E porventura nesta merda de noite
até eu saberia sorrir.

Mas nem nada.
Eu sou o homem estranho.
- Fala pouco, dizem.
- Nem olha nos olhos, murmuram.
- É muito antipático, afirmam.

E ela, a moça que nem me contempla,
sai de mão dada com ele,
o campeão dos abdominais,
que quer averiguar se aquilo do sexo anal
e da sua noiva Noelia não é moda que já se tenha espalhado.

Eu vou mas é para casa.
As pessoas não conseguem entender
porque é que eu ando sempre sozinho;
e eu cá não sou capaz de compreender
como é que elas ainda conseguem aguentar-se.

(Trad. A.M.)

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