9.1.11

Manuel António Pina (Os olhos)






OS OLHOS




O rosto que olha para trás,
o lado de fora do visível,
existe este rosto ou é apenas,
diante da infância, o olhar que se contempla?


Em ti, noite,
reclino a cabeça.
O que eu fui sonha,
e eu sou o sonho;


alguma coisa que pertence
a um desconhecido que morreu
que outro desconhecido (é este o meu rosto?)
fora da infância infinitamente pense.



Manuel António Pina


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