8.1.11

Juan Carlos Mestre (Quando o amor acaba)






Cuando el amor se termina no queda nadie que traiga flores los sábados
Las botellas de Lambrusco dejan de hacer ¡plop!
Las deliciosas películas de arte y ensayo se vuelven aburridas
Nadie te regala calcetines por Pascua, nadie te pone el termómetro
Cuando un amor se termina dan las diez un cuarto de hora antes
Las estrellas comienzan a acumular un retraso considerable
Las gatas dejan plantado al párroco en los tejados
Las luces indirectas enfocan directamente los portarretratos
Cambias los muebles de sitio, ordenas la biblioteca
Aparece la lupa, encuentras los comprobantes de la tintorería
Las cajeras del supermercado te empiezan a sonreír de otra manera
Los cuervos marinos se vuelven palomas mensajeras
Se acabó el azúcar, echas mano del edulcorante
Te paran todos los taxis, vas derecho al motel de las metáforas
Tocan el timbre, el cartero te deja un certificado para la vecina
Llaman por teléfono, otra vez la noche se ha equivocado de número


Juan Carlos Mestre





Quando o amor termina não resta ninguém para trazer flores ao sábado
As garrafas de Lambrusco deixam de fazer plop!
Os deliciosos filmes de arte e ensaio tornam-se aborrecidos
Ninguém nos oferece peúgas pela Páscoa, nem nos põe o termómetro
Quando um amor termina as dez batem antes um quarto de hora
As estrelas começam a acumular um atraso considerável
As gatas deixam o pároco plantado no telhado
As luzes indirectas focam-se directamente nos porta-retratos
Trocamos os móveis de sítio, arrumamos a biblioteca
A lupa aparece, achamos a factura da tinturaria
As meninas do supermercado começam-nos a sorrir de outra maneira
Os corvos marinhos tornam-se pombos correio
Se acaba o açúcar, lançamos mão do adoçante
Param-nos os táxis todos, vamos direitinhos ao motel das metáforas
Tocam à campainha, o carteiro deixa-nos um aviso para a vizinha
Toca o telefone, lá se enganou a noite outra vez no número


(Trad. A.M.)

.