PARTIR
Não sei
se te deixei partir
se te deixei partir
Mas num segundo
já não estás na minha mão
nem à minha frente no papel
já não estás na minha mão
nem à minha frente no papel
Ficando eu sem saber
quem eras
quando te encontrei
quem eras
quando te encontrei
Se o retrato que de ti
tracei te é fiel
tracei te é fiel
Ou se de tanto te inventar
eu te perdi, por entre
as florestas das histórias
eu te perdi, por entre
as florestas das histórias
Penumbras dos palácios
Pensamentos, poesias e diários
Oceanos e ventos
Pois nem sequer
percebo se por mim
te afastei ou te larguei
percebo se por mim
te afastei ou te larguei
Se obstinada fugiste
ou te esqueci
ou te esqueci
Se a Torre onde te pus é de Babel
E dela partirás
para viver a única
paixão da tua vida
para viver a única
paixão da tua vida
Não, nem sequer sei
qual foi o meu olhar
pousado em ti
qual foi o meu olhar
pousado em ti
Se com ele te espiei
te persegui
te persegui
E no espelho onde te vias
Eu te olhei
Maria Teresa Horta
[Poemário]