El cuerpo es mi materia, lo que
soy.
Mi vientre es mi mundo interior.
De tantos mundos imposibles, uno.
El cuerpo es misterio. Lo
aparente no es más que el caparazón del cuerpo.
Una cáscara que se arruga con el
tiempo,
como una fruta; le salen
manchas, se ablanda, se deforma.
Mi cuerpo desnudo está aquí y no
en otra parte.
En mi cuerpo está la memoria,
tiene un espacio en mi
cerebro, pero también en mi
carne. Así el lenguaje.
Estas palabras también son mi
cuerpo. Verbo hecho carne.
El cuerpo es metafísica e
intertextualidad. Huele a lo que
come. Muta al contacto con otros
cuerpos.
Mi casa es este cuerpo que
parece una mujer.
Una propiedad que me posee, un
refugio que me deja a la intemperie.
La anidación de cuerpos es un
estadio temporal.
A menudo nuestros cuerpos son
duros muros paralelos que
se quitan la luz.
(Porque el amor no se detiene en
la frontera de un cuerpo,
atravesé tu carne y encontré más
carne).
No lo es todo pero es todo lo
que tengo. Yo. A veces ni eso
a veces
soy la pura humedad que un día
caló los huesos que tuve.
Miriam
Reyes
O corpo é minha matéria, o que sou.
Meu ventre o meu mundo interior. De tantos mundos impossíveis, um.
Meu ventre o meu mundo interior. De tantos mundos impossíveis, um.
O corpo é mistério. O aparente não é mais que a capa do
corpo.
Uma capa que se enruga com o tempo,
Uma capa que se enruga com o tempo,
como a fruta, mancha, amolece, deforma-se.
Meu corpo desnudo está aqui, não alhures.
Meu corpo desnudo está aqui, não alhures.
Em meu corpo está a memória, com seu espaço no meu
cérebro, mas também na carne. Assim a linguagem.
Estas palavras são também meu corpo. Verbo feito carne.
cérebro, mas também na carne. Assim a linguagem.
Estas palavras são também meu corpo. Verbo feito carne.
O corpo é metafísica, intertextualidade.Cheira àquilo que
come. Muda em contacto com outros corpos.
come. Muda em contacto com outros corpos.
Minha casa é este corpo que parece uma mulher.
Uma propriedade que me possui, um refúgio que me expõe à intempérie.
Uma propriedade que me possui, um refúgio que me expõe à intempérie.
A anidação nos corpos é um estado temporário.
Muita vez nossos corpos são duros muros paralelos que
tiram a luz.
Muita vez nossos corpos são duros muros paralelos que
tiram a luz.
(Porque o amor não se detém na fronteira de um corpo,
eu atravessei tua carne e mais carne encontrei).
eu atravessei tua carne e mais carne encontrei).
Não é tudo, mas é tudo aquilo que tenho, eu. Às vezes nem
isso,
às vezes
sou a pura humidade que um dia calou os ossos que eu tive.
às vezes
sou a pura humidade que um dia calou os ossos que eu tive.
(Trad. A.M.)
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