O problema é desenhar a vida em forma de montanha, dar um cume à vida e querer atingi-lo como se o seu sentido dependesse desse acto.
O sentido da vida, a existir, há-de ser como o sentido de uma montanha, e não muda por lhe chegarmos ao topo ou nos perdermos pelas encostas.
Penso assim porque fiquei a meio, pior ainda, porque fiquei a escassos metros do topo.
Mas o problema de atingir um objectivo é decidir o que fazer depois de o atingir, e em nada é diferente a minha situação por o não ter atingido.
Com que devo preocupar-me agora, que não tenho nada com que me preocupar?
- NUNO CAMARNEIRO,
Debaixo de algum céu, 2013 (Bernardino).
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