O ar encheu-se de neblina e o que ainda se vê fora é desfocado e incerto, um barco lá longe, um casal que regressa do paredão, um cão perdido na praia.
O dia vai cegando devagar para que os olhos se habituem ao negro, as janelas acendem-se a confirmar gente e sente-se o silêncio por dentro, como coisa antiga da infância, como noite de meninos, o medo do escuro e os cheiros da casa.
O cheiro a lenha que arde, o cheiro a sopa, o cheiro da família.
- NUNO CAMARNEIRO,
Debaixo de algum céu, 2013 (Narrador).
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