SOMBRA DE ANA
Pasa tu mano por mis cabellos, Ana,
pasa tu mano.
Seré un muchacho a tus consejos, Ana,
un anciano.
Mira la nieve teñir mi frente, Ana
-los desengaños.
Vivir me pesa en este mundo, Ana,
tengo mil años.
La llama viva que me consume, Ana,
no me da tregua.
Y nada veo porque soy luz, Ana,
vivo sin cuerpo.
Pasa tu mano por mis cabellos, Ana,
pasa tu mano,
sin decir nada dame consejos, ya,
que estoy cansado.
Josep Palau
Passa-me a mão no cabelo, Ana,
passa-me a mão.
Serei criança para teus conselhos, Ana,
ou ancião.
Olha a neve que me cobre, Ana
- a desilusão.
Viver pesa-me neste mundo, Ana,
são já mil anos.
A chama viva que me queima, Ana,
não me dá trégua.
E nada vejo porque sou luz, Ana,
e vivo sem corpo.
Passa-me a mão no cabelo, Ana,
passa-me a mão,
não digas nada, vá, dá-me conselhos,
que eu estou cansado.
(Trad. A.M.)
.