6.4.10
Nuno Júdice (Última ceia)
ÚLTIMA CEIA
Com que monotonia penso em mim;
sentimento distante, que me põem à frente,
na mesa, já frio e sem gosto. Mas vou
comendo, sem pressa, este prato
indigesto; e, a cada garfada, antecipo
a dor de estômago que me irá encher
de pesadelos a noite. Eu: pesada
refeição que não desejo,
mas me puseram à frente.
(E se disser que não como?)
NUNO JÚDICE
Meditação sobre Ruínas
(1994)
.