16.8.15

Aquilino Ribeiro (Serpentes)





Numa pausa da trovoada, expectativa medonha e escuridão, estava eu a fechar as vidraças, senti uns braços que se agarravam a mim.

Era Adozinda.

Tremia como varas verdes e, fora de si, mas sem me largar, enfiou-se pela minha cama dentro, arrastando-me.

Puxou as mantas para a cabeça e enleiou-se-me ao corpo.

Trémula e transida, nunca a hera se enroscou assim a um tronco.

E a homem só serpentes.



AQUILINO RIBEIRO
Caminhos Errados
(Renunciação)

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