Manhãs de
geada, névoa, quietude.
O fumo a
prolongar em colinas cinzentas o negro dos chupões, ou escapando em novelos
azulados por entre as telhas dos casebres.
O cheiro acre
de um estábulo.
A
súbita presença de rostos, cenas corriqueiras, como se à revivência
desses instantes ínfimos se cole um significado impenetrável, um mistério.
O que
causará a visão insólita do sorriso de um estranho, cruzado há séculos numa rua
anónima, e desde então esquecido?
Porque
ressurge, tão vívida e colorida, a imagem de cestos de uvas numa vinha?
A de uma
sala onde só estive momentos?
Que mecanismo me faz ouvir de novo o ladrar dum cão numa noite de Inverno?
Que mecanismo me faz ouvir de novo o ladrar dum cão numa noite de Inverno?
J. RENTES DE CARVALHO
A Amante Holandesa
(2003)
A Amante Holandesa
(2003)
.